quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O surgimento do design - contexto histórico

Pessoal, segue texto que lemos na primeira aula, extraído do livro de Wilton Azevedo, "O que é design", Ed. Brasiliense, 1988 (primeira edição). Neste texto vemos uma abordagem histórica sobra o surgimento do design. ;)

Capa do livro na impressão atual

Assim como o cotidiano das ruas e das novelas lança novas palavras com novo significado a cada dia, o mundo com suas transformações faz surgir novos significados e, para eles, surgem novas palavras que tentam significar o que o homem está tentando compreender. Assim acontece com a palavra design. O termo design tem aparecido constantemente no nosso dia-a-dia, representando parte de um novo vocabulário. Muitas vezes pode significar algo novo que esteja aparecendo no mercado ou mesmo um novo estilo que é lançado por um novo mito, ou ainda, aparece quando queremos nos referir a algo que esteja na moda como “você viu o design dos novos óculos Pierre Cardin?”.

Muita gente procura hoje as escolas de desenho perguntando como é que se faz para se tornar um desenhista dos meios de reprodução de massa. E esta dúvida permanece quando nos deparamos, nas escolas de desenho, diante de um modelo nu e não de uma cafeteira. Que diabos então a sociedade tem trazido de novo, já que continuamos chamando o modelo nu de desenho e a cafeteira de objeto? Ao lidarmos com os meios de reprodução, já estamos lidando com o que poderemos chamar de design. O estilo da cópia.

Qual a diferença então entre olhar um modelo vivo e uma cafeteira? Essa explicação é bastante vasta, principalmente quando nos damos conta das possibilidades do que pode vir a ser o ato de representar algo. Podemos dizer que ao estudar o modelo vivo estamos transformando nosso ato de olhar em uma manifestação gráfica, numa forma de representar a realidade, e o mesmo ocorre quando olhamos para uma cafeteira. No momento em que a transformamos em objeto de cópia, ela não é mais desenho, ela é design.

A palavra design vem do inglês e quer dizer projetar, compor visualmente ou colocar em prática um plano intencional. É muito fácil imaginar que Van Gogh compôs visualmente seus quadros, e não podemos descartar que, para um dos maiores pintores do impressionismo, tenha havido intenção ou um plano a priori de uma pintura em forma de esboço ou rough. Então por que Van Gogh não era um designer? Se, ao pintar seus girassóis, ele estava tentando comprovar que a luz emitida pelo quadro se faz através de pontos contínuos e suas cores complementares, estava pensando como um pintor. Mas se ele vivesse para ver a reprodução de massa, e ao pintar os girassóis quisesse que o quadro estivesse na banca de jornais, ele seria um designer.
[Trecho das páginas 8 e 9]

A confecção de um objeto, principalmente antes da passagem do século, era função do artesão. Com suas mãos hábeis e com influência do design que passava de pai para filho, cabia a ele confeccionar um objeto único. Com isso, o mundo era povoado por objetos únicos como uma cadeira, uma mesa, uma tina d’água, ou seja, objetos que eram feitos um a um, tendo seu design refletido pelo estilo que cada artesão desempenhava conforme os objetos que fazia – muitas vezes objetos personalizados feitos para famílias importantes.

Com o surgimento da indústria houve uma preocupação em aproximar as atividades do artesão e da máquina, e isto pode ser fácil de entender levando em conta que a atividade do artesão não poderia ser dispensada de um dia para outro – todas as transformações sociais são lentas, principalmente quando falamos numa época de profundas mudanças como foi a revolução industrial.

Muitos começam a pensar na possibilidade dessa integração, mesmo que para isso prevalecesse ainda o estilo do artesão sobre a máquina. O homem dessa época tinha muito medo de uma possível escravização sua pela máquina. É como se utilizássemos da máquina o seu tempo reduzido de produção, deixando prevalecer o estilo do artesão.

Duas das pessoas que mais contribuíram para este pensamento foram John Ruskin e Willian Morris.

Diante do mundo que começa a se mecanizar o homem vai contribuir definitivamente para uma grande revolução estética e social que é a das formas dos objetos que usamos no dia-a-dia – elas passam a ser diferentes de um dado instante para outro. A ideia dessa revolução mecânica era poder atingir o grande crescimento das populações. Para o futuro já se pensava em produzir artigos baratos em menor período de tempo em relação ao produto artesanal, não restringindo mais a arte do design às elites, mas levando em conta a possibilidade de reproduzir um objeto em série, para que a grande população pudesse adquiri-lo. Partindo então da ideia de o design estar ligado a um objeto intencional é fácil de compreender que a própria indústria iria criar uma necessidade com relação ao conceito de funcionalidade. Ao objeto não caberia apenas ser bonito, mas ele tinha que adequar-se a uma função designada pelo artesão, futuro designer.

Não havia apenas interesse em que a arte fosse do povo, mas que fosse também para o povo, era necessário que as fases para construção de um objeto fossem democratizadas e popularizadas para que atingissem uma finalidade social de uso. O desenho finalmente passou a ser entendido como design, ou seja, compreendido como desenho industrial. A necessidade de se pesquisar a simplicidade das formas para que sua popularidade pudesse ser atingida não estava somente restrita à aquisição do objeto pela população, mas interessava também, na medida em que facilitasse sua execução pela máquina.

Deveríamos então perguntar: por que a ideia de simplicidade está diretamente ligada à produção em série? Bem, sem as mão do homem seria impossível que a máquina fizesse tantas formas ornamentais. Surge então a ideia de adequar o design – ou projeto – a uma concepção de indústria mecânica, para que daí por diante pudéssemos obter objetos sem série: jarro, cadeiras, vasos, ou seja, objetos úteis. É importante lembrar que nessa época surge a indústria automobilística, e seria impossível fabricar os automóveis um a um. O automóvel, na realidade, surge na sociedade mecanizada com a proposta de ser um objeto seriado. É daí que se criam as linhas de montagem onde cada grupo de operários tem uma função, um coloca o paralama, o outro o pneu, os vidros, calotas e o carro vai ficando pronto. É como pedir um sanduiche no balcão do MacDonald’s: eles são produzidos através da concepção de linha de montagem.

É por isso que a atividade do designer hoje manifesta-se através do trabalho em grupo. São arquitetos, desenhistas industriais, muitas vezes publicitários, na confecção de embalagens ou catálogos, tudo isso para produzir um objeto para a massa e de baixo custo.

É na linha de frente artesão-máquina que surge a escola Bauhaus, fundada em 1919, na Alemanha, por Walter Gropius. Seria impossível entender hoje o que é design sem entender o que foi a Bauhaus.

Para compreender melhor a atividade de um designer é necessário observar, ao passar do tempo, alguns movimentos que surgiram para incentivar a procura do homem por novas formas e com isso descobrir novos materiais. A revolução industrial trouxe mudanças profundas em nossa vida e era necessário, com o surgimento de uma sociedade industrializada, que essas manifestações passassem a ser mais uma possibilidade para o homem entender a era mecanizada.
[Trecho das páginas 14 a 19]


A prensa de Gutemberg

Olá pessoal! Para começar esse nosso assunto de História do Design, vamos relembrar um assunto que vocês já viram em outro momento: a prensa de Gutemberg. Esse fato histórico que revolucionou a distribuição da informação impressa, é um assunto que nos interessa MUITO!

O texto abaixo tem fonte nos sites abaixo:

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/prensa-gutenberg-435887.shtml
http://www.infoescola.com/biografias/johannes-gutenberg/

Em meados de 1455, o ourives alemão Johannes Gutenberg realizou seu grande sonho. Após anos de pesquisas e trabalho duro, pegou nas mãos seu trunfo em forma de livro, impresso com uma técnica inédita e infalível: a prensa de tipos móveis. A técnica de impressão com moldes não era novidade – já tinha sido iniciada havia 14 séculos na China por meio da impressão de gravuras. Mas, agora, com a criação de Gutenberg, que moldara os tipos em um material bem mais resistente e durável que os usados pelos chineses, ela ficava muito mais eficaz e rápida. A impressão em massa, possibilitada a partir daí, transformaria a cultura ocidental para sempre.

Antes dela, cada cópia de livro exigia um escriba – que escrevia tudo a mão, página por página. Em 1424, por exemplo, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, possuía apenas 122 livros – e o preço de cada um era equivalente ao de uma fazenda ou vinícola. Gutenberg conseguiu, com seu invento, suprir a crescente necessidade por conhecimento da Europa rumo ao Renascimento. A partir do feito, a informação escrita deixou de ser exclusividade dos nobres e do clero. Até 1489, já havia prensas como a dele na Itália, França, Espanha, Holanda, Inglaterra e Dinamarca. Em 1500, cerca de 15 milhões de livros já haviam sido impressos.

Como a prensa funcionava

Para criar a prensa, Gutenberg adaptou uma prensa de madeira, daquelas utilizadas para moer uvas e preparar vinho; criou tipos metálicos móveis, muito mais resistentes e que, assim poderiam ser usados por muito mais tempo (foram desenhados com caracteres em estilo gótico); e modificou a consistência da tinta (a deixou mais densa para que ficasse bem grudada nos tipos).

Os tipos eram dispostos um atrás do outro sobre uma guia de madeira (em linha). As palavras eram separadas por um tipo sem relevo, que nada imprimia. As linhas obtidas eram ordenadas em uma caixa. Depois os tipos eram untados com tinta para posterior prensagem.

Gutenberg imprimiu várias obras, mas sua obra mais famosa foi a Bíblia de 42 linhas, terminada em 1455. Gutenberg viveu para ver como sua invenção se alastrava pela Europa, começando pelas cidades do vale do Rin. Quando o célebre impressor faleceu, aproximadamente oito cidades importantes do Velho Mundo já tinham suas oficinas de impressão e, nas décadas seguintes, seu invento era conhecido desde Estocolmo até a Cracóvia, passando por Lisboa. Na Espanha, a prensa foi introduzida pelos alemães e, em 1473, já havia prensas funcionando no reino de Aragão.

As imagens abaixo foram coletadas aqui:
http://kevinmallard.wordpress.com/2011/03/31/the-gutenberg-press/

 Prensa de Gutemberg exposta em museu.


 Exemplo de montagem de página com os primeiros tipos móveis.